Da civilização oriental à civilização ocidental, passando pela Idade Média, até aos nossos dias , a significação do corpo sofreu inúmeras transformações. Porém, apenas no século XIX o corpo começou a ser estudado. No Brasil, nos anos 60, com o advento da psicomotricidade, era utilizada em forma de recursos coadjuvantes à outras especialidades. Em nível de graduação
o “latu sensu”, a psicomotricidade surgiu em 1990 no IBMR (currículo adaptado da formação na França). E o que é psicomotricidade? Assim conceitua a S. B. P.: “Ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. Portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização.” “Psicomotricidade é um foco da intervenção educacional ou terapia cujo objetivo é o desenvolvimento da capacidade motriz, expressiva e criativa a partir do corpo, o que o leva centrar sua atividade e se interessar pelo movimento e o ato, que é derivado de disfunções, patologias, excitação (estímulos), aprendizagem, etc.” O progresso das ciências biológicas e da saúde têm prometido e permitido ao homem uma vida melhor. Essa importância dada ao corpo, através das atividades psicomotoras, observando estreita relação entre corpo, mente, movimento e pensamento, promovem bem-estar físico e
mental ao indivíduo. Essa idéia de movimento surgiu decorrente da concepção fundamental de que a
atividade motora e a mental estão em constante inter-relação podendo uma influenciar beneficamente no
desenvolvimento global da outra, numa tentativa de compreender o ser humano em sua unidade e globalidade. Henri Wallon é, provavelmente, o grande pioneiro da psicomotricidade, vista como campo
científico. Ele iniciou (1925) uma das obras mais relevantes no campo do desenvolvimento psicológico da criança.
Como médico , psicólogo e pedagogo, impulsionou as primeiras tentativas de estudo da reeducação
psicomotora. Wallon e Piaget colocam em evidência o papel da atividade corporal no desenvolvimento
das funções cognitivas. WALLON (1942) afirma que o pensamento nasce da ação para retornar a ele.
PIAGET (1936) sustenta que, mediante a atividade corporal a criança pensa, aprende, cria e enfrenta problemas de
sua vida cotidiana. No âmbito escolar, podemos verificar que há alunos correndo, brincando e participando de
todos os jogos propostos, apresentando às vezes dificuldades, que podem ser sanadas mediante interação
da criança com atividades que favoreçam ampliar seu potencial psicomotor, cognitivo e afetivo. “Os motivos dessas dificuldades são diversos, e vão desde problemas mais sérios
de incapacidade intelectual, até pequenas desadaptações que, quando não cuidadas, se
transformam em verdadeiros obstáculos para uma aprendizagem significativa.” (OLIVEIRA,
1997) Existem alunos que apresentam déficit no desenvolvimento das funções neuropsicológicas
devido a vários fatores, como má alimentação, doenças patológicas, perturbações emocionais,
entre outros, e isto pode influenciar no seu aprendizado. “Muitos professores, preocupados com o ensino das primeiras letras, e não sabendo
como resolver as dificuldades apresentadas por seus alunos, várias vezes os encaminham
para as diversas clínicas especializadas que os rotulam como “doentes”, incapazes ou
preguiçosos. Na realidade, muitas dessas dificuldades poderiam ser resolvidas dentro da
própria escola.” (OLIVEIRA, 1997) Deve-se notar, no entanto, que não se pretende que o professor faça sessões de psicoterapia
com o aluno. Uma ação pedagógica faz-se necessária enfocando uma educação
global, respeitando as potencialidades e limitações do grupo. Desde o início da vida, a criança passa pela fase de vivência corporal. Ela trabalha seu
corpo em busca de respostas. Nesse período, a criança – através dessa movimentação
– vai enriquecendo a experiência subjetiva de seu corpo, ampliando assim as
potencialidades motoras espontâneas e coordenadas. Considerando a criança como ser integral desse processo, cabe à escola criar o máximo
de situações onde ela interaja de maneira atrativa e prazerosa, com atividades
que favoreçam o seu amadurecimento psicomotor. Segundo LAPIERRE (1986), a educação psicomotora tem por objetivo não só a descoberta
do seu próprio corpo e capacidade de execução do movimento, mas ainda a descoberta
do outro e do meio ambiente, utilizando melhor suas capacidades psíquicas, facilitando
a aquisição de aprendizagens posteriores. É através da atividade psicomotora, principalmente nos jogos e atividades lúdicas que a
criança irá explorar o mundo que a cerca, diferenciando aspectos espaciais, reelaborando o
seu espaço psíquico, ligações afetivas e domínio do seu corpo. Se o professor desenvolve sua prática tendo por referência teórica a idéia de que o
conhecimento é construído pelo aluno em situações de interação, precisará dispor de
estratégias que ajudem a compreender o que cada um já traz consigo, elevando suas
potencialidades. Daí, também, a importância da escolha das atividades curriculares. Elas devem contemplar
a psicomotricidade a partir de uma relação entre o conhecimento prévio do professor
frente às etapas do desenvolvimento motor infantil. Piaget trata das fases motoras da criança desde seu nascimento. Um bebê sente o meio
ambiente como fazendo parte dele mesmo. À medida que cresce, com um maior
amadurecimento de seu sistema nervoso, vai ampliando suas experiências e passa,
pouco a pouco, a se diferenciar de seu meio ambiente. Chega, pois, à representação dos
elementos do espaço, descobrindo formas e dimensões e com isto passa a aperfeiçoar e
refinar seus movimentos adquirindo uma maior coordenação dentro de um espaço e tempo
determinado. A psicomotricidade surgiu, enfim, como um meio de combater a inadaptação psicomotora
pois apresenta uma finalidade reorganizadora nos processos de aprendizagem de gestos
motores. É um alicerce sensório-perceptivo-motor indispensável na contribuição do
processo de educação e reeducação psicomotoras, pois atua diretamente na organização
das sensações, das percepções e nas cognições, visando a sua utilização em respostas
adaptativas previamente planificadas e programadas. Acreditamos que o educador não deve se preocupar só com a aprendizagem específica
de determinada tarefa. Existem dificuldades que resistem a uma pedagogia normal. É por
isto que acreditamos que é melhor “prevenir que remediar”, isto é, ele deve – antes de mais
nada – promover condições para esta aprendizagem se torne satisfatória. O professor deve
ser sempre aberto às indagações e dúvidas, tratar os alunos com respeito e consideração,
respeitar o ritmo de cada um. Acompanhar a criança num processo psicomotor, possibilita-lhe a uma melhor estruturação
tanto mental quanto corporal. De posse a uma pedagogia que dê lugar a criatividade,
a espontaneidade, conseqüentemente, a criança fortalecerá sua auto-estima, realizará
novas descobertas, construirá relações de confiança consigo mesma e com os outros, e
avançará nos demais aspectos, tanto cognitivos quanto motores. Concluímos com OLIVEIRA (1997): “Não adianta somente discutirmos os porquês das dificuldades de aprendizagem. É preciso
propor caminhos que possam, se não solucionar, pelo menos diminuir alguns destes problemas
que são tão dolorosos para a criança – como ver suas chances diminuídas por problemas que
são alheios a ela.” |
MUITO LEGAL...ADOREI!
ResponderExcluirSHALOM